terça-feira, 30 de outubro de 2012

The State allows you to sponser yourself!


Francisco Camacho, founder and director of Eira posted an open letter to Mr. Jorge Sampaio, president of Guimarães 2012 European Capital for Culture.

He speaks of a situation that has become quite "normal" these days... besides not having any public funding or having suffered serious cuts, Portuguese (as Spanish and others) creators are now "sponsoring" the State by taking on loans and paying for expenses that the State should have paid for in the first place… How did this happen? When did the State lost all liability before its citizens? Are they allowing the cultural sector to sponsor the country's image, society and cultural action? How kind of them!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

The cool, digital Queen




For all of those that don't have time to be on facebook or twitter or Youtube: well... if the Queen does it, so should you! For the Olimpics she invited James Bond to pick her up, thus leaving the dream of many queens and princesses all over the world! But, she is the Queen, the real one! She doesn’t NEED to do this, or does she? You can draw your own conclusions; follow her everywhere if you want! 

Facebook – Gin O’Clock 

Twitter - @Queen-UK 

I leave you with the video (going on over 1 bilion views) and some digital consequences… the impact was huge, of course! 




If even the most famous, rich and powerful celebrity in the world is going digital, it makes you think why so many cultural institutions aren’t…






segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Património que fala

Estava à procura de um víseo sobre os monumentos e museus portugueses... e nada! De turismo, sim há muita coisa, mas dos musues e património só feitos por turistas e curiosos. Parece-me... estranho que não se comunique em vídeo, que não se "explique" porque é que é bom visitar o património português.
Sabem porque é que se deve ir ao Louvre? Eu também, mas mesmo assim, explicam-no! E muito bem! Dá-me mesmo vontade de ir ao Louvre passar um dia inesquecivel e romântico e aprender imenso sem esforço nenhum. Já sei, já sei, os franceses têm muito dinheiro para a cultura! Mas se é exemplos baratos que queremos, vejamos este do Centro Nacional dos Monumentos (Franceses). Pois é... foi barato e é cool, moderno, agitado e vivo! Sim, sim, é sobre monumentos, palácios, igrejas e outras coisas velhinhas!
 
 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

o velho e o novo

Penso sobre o velho e o novo, o novo inspirado no velho, o ensino e a aprendizagem partilhados entre novos e velhos: vê-se cada vez mais a procura de inspiração no passado, o olhar para trás para encontrar caminhos para o futuro. E enquanto penso nisso e em como isso se reflecte na criação artística, penso também em como esse olhar para o passado está influenciado pelo ensino, pela transmissão de conhecimentos, de conceitos ou hábitos. E se essa influência é tão óbvia em algumas disciplinas como as artes aplicadas, a música ou cinema, não me parece nada tão clara nas artes cénicas. Pode o teatro olhar para trás e continuar a caminhar para a frente? A dança? E se calhar mais importante - é interessante que o façam? Acho importante um ensino acessível e cativante, acho importante para a formação de cidadãos e artistas que se conheça o passado, mas a pergunta cuja resposta pode ser interessante é se essa transmissão, essa herança cultural se pode manifestar claramente num palco.Teremos a generosidade de aceitar o passado e deixá-lo moldar o nosso presente hiper-moderno? Resistiremos à tentação da "visão pessoal actualizada"? Como é que se transmite essa influência?

Dois vídeos muito diferentes sobre esta questão:




quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Low cost artist



Começo agora a minha tese de final de mestrado (suspiro profundo). Página de Facebook e site online, tudo a postos para receber criadores que andam pelo menos há dois anos a fazer omoletes sem ovos...
As perguntas interessantes são as que nos podem dar novas visões do que é gerir dinheiro e ser criativo ao mesmo tempo... sobreviver criando, com reduzidos recursos financeiros. E mais: descobrir o que nos separa e nos une enquanto europeus, enquanto membros de uma sociedade que ainda vê a cultura como um bem essencial - mais num países que noutros, arrisco desde já, antes dos resultados do estudo! E afinal como vêm os criadores as suas obras na sociedade? Ainda é importante ou possivel mudar o mundo através das artes performativas?

Por favor visitem o site e o facebook e divulguem!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Not all the time, sure, but more often.


This or that?

Don’t follow, lead.
Don’t copy, create.
Don’t start, finish.
or even,
Don't sit still, move.
Don't fit in, stand out.
Don't sit quietly, speak up.
Not all the time, sure, but more often.

é daqui!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Qualquer relação com "música" é pura coincidência...


Justin Bieber é uma máquina de fazer dinheiro, ponto. É capa da revista Forbes e um dos maiores nomes no que diz respeito a investimento privado em tecnologia. Conseguiu tudo isto através da música? Não, através das redes sociais - This cultural phenomenon, born of social media, took a modicum of fame and tossed it into the digital echo chamber.
O artigo da Forbes é esclarecedor e vale a pena ler para entender como é que um fenómeno da música tem tão pouco a ver com música, e aos 19 anos sabe mais de negócios que a maioria de nós aos 40... A música há muito tempo que deixou de ser "só" música e a indústria tem sofrido mudanças brutais, fazendo muitas vezes com que a música seja o pormenor quase irrelevante. A questão aqui é como a intervenção financeira destes jovens artistas muda a sua posição no mundo e o seu poder, já não apenas como "opinion makers" importantes, mas como forças de mobilização de massas acima do Presidente dos EUA, por exemplo! Mobilização de massas para... consumir, bem visto! Mas já não se fala só de consumir música, mas de todos os produtos onde os seus ídolos investem - é uma manipulação muito mais poderosa...
Aparece este ano como o nº3 das celebridades mais influentes no mundo, de acordo com a famosa listagem da Forbes, ao lado de uma esmagadora maioria de cantores, ou será melhor dizer, celebridades do mundo da música...




domingo, 24 de junho de 2012

Festival sem música - the all in one package!

Viver a 300 metros de um dos maiores festivais da Europa, faz-nos tomar consciência de algumas aspectos que não vemos quando somos "clientes". Em frente ao MACBA estava um dos espaços do Sonar, em plena Praça dels Angels, limitado por tapumes de madeira, ou seja, podia-se ouvir tudo o que se passava para lá das "paredes" do Festival, mesmo sem pagar bilhete. Neste espaço criou-se uma dinâmica curiosa: clientes e não clientes, juntavam-se por ali, a beber cerveja, conversar e ouvir a música a níveis bem mais simpáticos do que dentro do próprio recinto. E ali mesmo na rua, estava tudo - a experiência Sonar - música, copos, gente de todo o mundo... the package! E se facto as pessoas vêm cada vez mais aos festivais pela parte social, pelo convívio, para conhecer gente, fazer amigos, fazer negócios e ter "experiências inolvidáveis", porque é que não se pensa nesse público também? Porque não se faz uma entrada social para os Festivais, sem direito a assistir aos espectáculos, mas a tudo mais? Ou melhor ainda, uma tenda ou recinto para convívio onde possam entrar só os detentores do "bilhete social".  A música seria o ponto de partida para tudo o mais mas não era o protagonista, o protagonista seriam as pessoas, as conversas, o contacto pessoal. ..

terça-feira, 12 de junho de 2012

é a economia, estúpido!


O texto explica-se por si mesmo. É também por isto que se deve continuar a fomentar o investimento público e a profissionalização na cultura:

Resolución de 24 de mayo de 2012, de la Secretaría de Estado de Cultura, por la que se convocan las becas FormARTE de formación y especialización en materias de la competencia de las instituciones culturales dependientes del Ministerio de Educación, Cultura y Deporte, correspondientes al curso 2012/2013.

La creciente importancia de la cultura como elemento dinamizador de la economía y el empleo, se pone de relieve en nuestro país acudiendo a la Cuenta Satélite de la Cultura cuyos datos revelan que el sector cultural y creativo, en las actividades vinculadas con la propiedad intelectual, aporta el 3,9% de nuestro PIB. Con respecto al empleo cultural se estima que genera unos 750.000 puestos de trabajo. El importante futuro que tiene este sector se reconoce en la Estrategia Europa 2020 de la UE que considera la política industrial y de innovación como los núcleos principales sobre los que pivota el cambio hacia la sociedad del conocimiento.

normativas e mais explicações aqui

quinta-feira, 7 de junho de 2012

a noite sem críse


Felizmente continua a haver uma noite em Lisboa onde a cultura é grátis, de grande qualidade e está na rua! As Festas de Lisboa continuam a ser uma iniciativa maravilhosa da Câmara Municipal de Lisboa / EGEAC e a abertura regra-geral é para nos deixar maravilhados e esquecer a vida quotidiana. Este ano não foi excepção, com os Titanick a envolver-nos na sua corrida de máquinas loucas e fazer uma enorme multidão sorridente esquecer, nem que seja por duas horas, as tristezas da crise. E quanto maior é a crise mais importante é este papel da cultura, de unir as pessoas, de lhes fazer viajar um bocadinho com os pés bem assentes na sua cidade, e de crescer para além das suas limitações.





quarta-feira, 16 de maio de 2012

uma ópera é uma ópera, é um museu


No passado domingo, dia 13 comemorou-se o dia europeu da ópera. O Gran Teatro de Liceu, conceituadíssimo estabelecimento cultural da cidade de Barcelona (que infelizmente tem sido notícia nos últimos meses pelos cortes, despedimentos e outras manifestações da cultura-politico-dependente), associado por quase todos às classes altas, ao luxo, à "alta cultura", fez uma Jornada de Portas Abertas. Das 10H às 18H podia-se entrar, passear pelos corredores, pelas salas destinadas aos "amigos do Liceu", pela sala de espectáculos e havia pontualmente actuações curtas e transmissão de espectáculos em ecrãs. E assim, só por abrir as suas portas, de um dia ao outro, a ópera do Liceu passou a museu. As pessoas estavam a visitar este espaço como se se tratasse de um museu! Não sei se aquelas pessoas não vão habitualmente à ópera porque ainda não tomaram conhecimento que há bilhetes a partir de 10€, ou seja, que é mais barato ir à ópera que a alguns cinemas desta cidade (principalmente se se comprar pipocas!), ou porque não têm tempo, ou porque acham que não vão gostar, ou porque acham que não se vão sentir bem... não sei! Mas o que sei é que há muita gente que quer visitar o Teatro de Liceu. Então, em que é que ficamos? Querem mas não sabem como... querem mas só se for grátis (e isto já estamos cansados de saber que não é verdade)... querem mas... só se for um museu?



O que é que levou as pessoas a entrar no Liceu nesse dia, a ter curiosidade, a tirar fotos, a passear-se por ali como se tivessem finalmente ganho acesso a um mundo inacessível? 
O teatro aproveitou bastante bem a presença "estranha", fazendo uma recolha de emails com a desculpa de um concurso de oferta de bilhetes, cujo o único critério para ser elegível era querer receber informações das suas actividades. As bilheteiras estavam abertas (a um domingo!), a saída da visita era pela loja, tudo bem pensado, bem feito, com simpatia e tudo! Para mim, o que faltou para passar de uma visita interessante a uma visita "UAU!" foi o acesso aos bastidores e camarins... quem sabe, pode ser que para o ano o aceso seja alargado!


Se estas pessoas vão voltar num dia de espectáculo não sei mas parece-me maravilhoso que nós que pensamos tantas vezes nos problemas gerados pela falta de público e que passamos horas a discutir tácticas de captação de novos públicos e artimanhas inteligentes para fazer as pessoas entrar nas estruturas culturais, nos esquecemos às vezes que é tão simples como... abrir as portas.

sábado, 5 de maio de 2012

É a tradição!


No dia 23 de Abril comemora-se na Catalunha o Sant Jordi. A lenda diz que S. Jorge matou um dragão para salvar uma princesa e desde ai se comemora uma espécie de dia dos namorados que se manifesta desde o séc.XV pela oferta de rosas encarnadas às senhoras (simbolizando o sangue do dragão), e desde 1616 de livros. Para a parte dos livros não há muita explicação religiosa nem fantasiosa, coincidência ou não, este é também o dia internacional do livro (estabelecido por convenência nas datas que aproximavam as mortes de Cervantes e Shakespeare...), e está montada uma tradição! Mas a tradicção tem vindo a mudar e nesta altura o dia de S. Jordi está para a indústria do livro como o Dia de Acção de Graças está para os criadores de perú: um dia único ao ano com vendas absolutamente brutais. As vendas de livros no dia 23 de Abril são equivalentes às vendas registadas no Natal, em todo o período de vendas do Natal.

A tradição de oferecer livros que incicialmente era "devida" às senhoras (em troca das rosas). Adaptou-se aos tempos e os homens também oferecem livros e toda a gente oferece a toda a gente, não é unicamente uma festa de namorados, é uma festa popular, para todos. É a tradição, dizem!
Pelas principais artérias da cidade, aqui em Barcelona, montam-se mesas improvisadas e vendem-se livros, é simples, não há estruturas dispendiosas, técnicos informados, expositores sofisticados... é uma festa de rua, é a tradição! Mas também se montam palcos para leituras, espectáculos e outras participações feitas na sua maioria pelos habitantes de cada bairro, como dita a tradição!
Não é feriado mas há tolerância no emprego para sair umas horas e comprar livros. É a tradição!
As livrarias também montam as suas bancas na rua onde os autores têm o seu dia de super-star e esperam as centenas de pessoas que fazem filas durante horas (não é um exagero) para ter os seus livros autografados. E porquê na rua? Primeiro porque as livrarias estão cheias de clientes e depois porque... é a tradição!

Há cenários de televisão que emitam a série "Guerra dos Tronos" e a fila para poder sentar-se no trono e tirar uma foto tem mais de 100 metros... e mesmo ao lado, claro, podem-se comprar os livros em super-edições. É a tradição a mudar! Também passam autocarros com equipas de televisão e há estúdios de rádio montados em plenas Ramblas, os media nunca ficam de fora de uma boa tradição!

Mas como é que esta tradição que se estendeu ao teatro, ao cinema e todo o género de lojas que fazem as promoções de S. Jordi, gerando um dia impar para o comércio e para a cultura, se mantém ao longo de tanto tempo e sem sinais de grandes mudanças? Não há tradição que resista por si só, não a esta escala! Não sem cooperação e vontade política. Cada bairro de barcelona monta a sua própria festa de S. Jordi mantendo a tradição e acção social do bairro vivos e de boa saúde, cada centro cívico e cada museu tem uma programação especifica para o dia na sua esmagadora maioria de acesso livre, cada escola trata o tema, cada editora faz edições especiais e edita novas obras para o evento, cada canal de televisão faz reportagens e programas especiais, ou seja, cada sector da sociedade interfere de alguma maneira mantendo e adapatando a tradição.

Desde que cheguei a Barcelona, em Setembro, tinham-me dito muitas vezes "tens de estar cá no dia de S. Jordi!", e tinham razão, é um dia impar na vida cultural desta cidade, é um exemplo brilhante do que uma boa politica cultural pode gerar e para além do mais é super divertido! Mas desde o principio de Abril, pelas paragens de autocarro, pelos cafés e espaços públicos começavam a ser distribuidos programas, apareciam cartazes... É a tradição!

terça-feira, 10 de abril de 2012

ai weiwei - a arte enquanto politica ou a experiência como espelho da acção


A primeira vez que ouvi falar de Ai Weiwei foi há uma ano atrás, quando ele desapareceu. Veio-se a saber que o desaparecimento tinha sido uma detenção feita pelo governo chinês com motivos pouco claros: segundo o próprio governo, o artista foi detido por suspeita de fraude fiscal e actos de pornografia (por ter posado nu para uma fotografia com quatro mulheres), segundo o desenrolar dos acontecimentos, é mais provável que a detenção tenha sido feita por motivos políticos. Ai Weiwei é um artista transversal que se preocupa com o seu trabalho, unicamente com o seu trabalho e o impacto social que ele pode ter e não com tudo o demais que representa "ser um artista". Os seus trabalhos têm o poder maravilhoso dos espectáculos ao vivo - são experiências.
         
Com uma história de vida absolutamente marcada pelo regime comunista, Ai Weiwei viveu quase 20 em exilio já que o seu pai, poeta, tinha sido banido por escrever um conto considerado anti-regime. Só com a morte de Mao Tse Tung, em 1976, é que a sua familia pôde voltar a Pequim. Weiwei foi para Nova Iorque onde experienciou a liberdade de expressão civil e artística, antes de voltar por causa do seu pai à sua cidade natal e aí dar início a uma carreira artística explicitamente política. Trabalha sobre conceitos de tradição permitindo-nos uma reflexão muito mais abrangente do que o olhar passivo de um espectador. Com a internet, tem vindo a criar movimentos civícos, artísticos e políticos - a criatividade é uma ferramenta para mudar a sociedade,  questiona a tradição para olhar em frente, destrói símbolos para poder reconstruir melhor, no sentido de ver de maneira diferente o significado para além do símbolo.



Os seus trabalhos com mobília da dinastia Ming (que são destruídos e reconstruídos na perfeição, com as mesmas técnicas usadas desde o séc. XIV) ou porcelana imperial, são exemplos claros: a função, o símbolo e a mestria de tradição artesanal utilizadas de forma a questionar a sua própria definição e canons. O projecto das sementes de girassol, apresentado em 2011 na Tate Modern de Londres é provavelmente o exemplo mais conhecido e dos maiores projectos levados a cabo: 100 milhões de sementes de porcelana feita por 16.000 artesãos durante cerca de 2 anos e meio.


O ano passado, o desaparecimento / detenção de Ai Weiwei provocou uma reacção mundial das instituições de arte comtemporânea. Por todo o lado se reinvidicava a sua libertação num movimento único em prol da liberdade de expressão. Sem qualquer apelo politico ou organização internacional, diferentes países com diferentes visões, se uniam num movimento claramente politico. Ai Weiwei diz que esse é o poder da comunicação de da internet - unir as pessoas, mudar o mundo.
A semana passada, para comemorar o aniversário da sua detenção, o artista abriu um canal no seu site (que foi em poucas horas "apagado" pelas autoridades) onde se podia ver o que se passava dentro de cada divisão da sua casa. Uma mensagem ao governo chinês que o mantém sob observação apertada: o uso da vigilância e da tecnologia não tem dono e pode ser utilizada de inúmeras maneiras. Ali, na China controladora, este homem conseguiu com um computador e um acesso muito limitado à internet criar uma revolução cultural, criar movimentos cívicos, mover massas, empregar pessoas, mudar a maneira como pensamos o mundo. Faz-nos pensar nas possibilidades do nosso "mundo-livre", não faz?


Na galeria Magasin3, em Estocolmo está agora patente uma exposição deste senhor, para quem não pode dar um saltinho até lá, pode sempre usar o meio favorito de Ai Weiwei e ver quase tudo aqui. E já agora, aproveitem para ver este documentário da BBC, são 50 minutos bem empregues.


quinta-feira, 22 de março de 2012

Aprender com quem nos olha


As indústrias criativas são um tema quase interminável e hoje em dia muito debatido.  Não há um negócio cultutral (ou não deveria haver) que não o contemple mas as indústrias não-culturais que já estão estabelecidas, instaladas e a funcionar, como introduzem esta nova forma de pensar no seu processo de trabalho? Ou melhor dizendo, no seu negócio. Infelizmente, apesar de estar mais que sabido que esta coisa da sociedade é como um gigante jogo de bilhar, onde as tabelas se multiplicam em comportamentos consequentes (é disse que nos fala o Sr. van Wienden neste video da Fundação Serralves), ainda há esta associação poética entre as indústrias criativas e o entretenimento, ponto final. Continua a ser a qualidade humana menos explorada, menos estudada, menos aplicada, menos aproveitada. Quantos criativos temos nas caixas de supermercados e call centers por esse mundo fora? É certo que a criatividade por si só muitas vezes não é funcional, precisa de apoio, planificação, estrutura... Mas mesmo assim, parece-me que o factor risco que acarreta é o que continua a fazer com que não entre no "jogo" empresarial. Quando entra - ganhamos todos e os casos de sucesso empresarial em Portugal estão na sua maioria ligados a esse factor: criatividade e inovação.



Equipas criativas, técnicos criativos, novas formas de gerir, novas formas de estar...Gostava de traduzir essa ideia também para os público e não apenas para os espectáculos. Como é que "fazem" publicos criativos? Como é que podemos aprender com a criatividade de quem nos olha?

segunda-feira, 12 de março de 2012

30 dias

obrigada pelos vossos clics!!
moltes gràcies
gracias
merci
thank you
tak
謝謝
mulţumesc
спасибо

sexta-feira, 9 de março de 2012

O que pensa Ray Bradbury do futuro?

A web 3.0 está ai, ao virar da esquina, a implementar até ao final do ano, dizem... Na prática, para leigos como eu, a web 3.0 é mais ao menos a junção de Blade Runner com Minority Report e mais alguns clássicos da Ficção Ciêntifica (um termo absolutamente obsoleto!), mas em tempo real e aqui mesmo. Este novo up-grade vai trazer a internet do bi-lateral para o particular, 100% móvel e praticamente independente de qualquer suporte fisíco. Para além do mais tem este extra: a realidade aumentada. Ou seja, uma imagem real pode ser visualisada em formato aumentado com o dispositivo apropriado, e isto quer dizer mais informação, imagens, comunicação, entretenimento, ensino... O potencial para a cultura? Todo!
Alguns exemplos do que já se está a fazer (em alguns casos há mais de 3 anos...):




J


Em 1953, Rray Bradbury no maravilhoso "Fahrenheit 451", romanceia sobre uma sociedade onde os livros são proíbidos, os bombeiros servem para incendiar em vez de apagar fogos e as paredes das casas são ecrãs de televisão interactiva... o Sr. Bradbury, nos anos 80 colaborou com a Disney para a concepção dos cenários espaciais dos seus parques de diversões, hoje tem 91 anos e eu adorava saber como vê ele o futuro.

(AP Photo/Doug Pizac) @forbes.com

terça-feira, 6 de março de 2012

Poetas procuram poetas

Quem lê a cultura em números diz que o maior valor não-contabilizado é a prestação artística, a capacidade que os criadores têm de investir nos seus projectos sem que daí obtenham remunerações financeiras justas (ou só remunerações).  Há quem o veja sempre como um investimento, há quem acredite que a felicidade de falar e ser ouvido vale muito a pena, e há também quem salte de projecto em projecto sem nunca conseguir deixar o estatuto de "voluntário" para trás. Mas cada vez mais, são os "voluntários" que preenchem o panorâma cultural, cada vez mais os criadores estão a encontrar novos caminhos para falar e ser ouvidos - por gosto ou por necessidade, é irrelevante, o resultado é que os formatos vão aparecendo e muitos são mesmo bons! A semana passada tive a enorme sorte de conhecer um destes projectos: a revista digital de literatura Preferiría no hacerlo. Não têm uma história misteriosa e revolucionária mas ainda assim... um grupo de alunos da UAB juntou-se e fez uma revista digital, tão simples e tão complexo quanto isto. Ou nas palavras dos próprios (que o dizem poeticamente):

Preferiría no hacerlo es una revista que pretende hacer -y en la paradoja se recrea- de la literatura un divertimento. De ella venimos y hacia ella andamos, construimos un mundo al cual ir, lo construimos poco a poco, partiendo de las palabras y de la apertura de horizontes que la posmodernidad nos dio.
Somos la aporía del mundo, el espíritu crítico que encuentra en la literatura su sitio más querido, el lugar privilegiado en el que se transforma –se genera- la realidad. Partimos de la negación del escribiente Bartelby para reaccionar contra el mundo lógico y nos dejamos embarcar en el rio de la resignificación del nuestro. Venimos de la frontera, de la orilla, de lo extraterritorial, para decir nada y todo, para decirnos que somos el mentiroso de Creta y sólo decimos la verdad.

Está disponivel on-line, vai no seu nono número, é gratuita e procura colaborações, de maneira que: poetas da minha terra - chegou a vossa hora! Desafiando a nossa (que não é só nossa) tendência para a lamentação e a acomodação, este projecto está receptivo a receber trabalhos de outros poetas (literários, gráficos e outros géneros, imagino!). Se este espaço fosse um jornal e esta secção a dos anúncios, poderiamos ler qualquer coisa como: poetas procuram poetas, mas como ceci n'est pas un blog e a revista é digital, fica antes um video:


Para reforçar a afiliação às letras, a seguir conto a história que prova que as palavras, às vezes são o suficiente para unir as pessoas. Do outro lado do oceano, um outro poeta, Carlos Skliar, resolveu certo dia fazer um programa de rádio sobre literatura e resolveu chamar-lhe... Preferiría no hacerlo. Num romance, seriam irmãos tragicamente separados que crescem ignorando a existência do outro, mas a internet deu cabo da parte literária da coisa e descobriram-se digitalmente. Tal como depois da tempestade vem a bonança, depois do espanto veio a colaboração, e os dois PNH estão agora de certo modo unidos, pelo menos pelas palavras títulares.


Que bom!

A imagem inicial é a capa da nº 9 de Preferiría no hacerlo, ilustração (maravilhosa) de Gianpaolo Rende.

Boas leituras!


terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

I can't get no tecno-satisfaction


O filme neste post é do ano passado e é o que vi até hoje que explica melhor e de forma mais simples, o impacto que a tecnologia está a ter na criatividade e na cultura (indústria, produto… tudo!). Chama-se PressPausePlay e é da produtora sueca House of Radon.
A democratização do acesso à cultura, à criação e à sua propagação a escalas planetárias, veio simultaneamente dar espaço a todos e inundar o mundo de artistas, criadores, pensadores, tendências… e nós não temos tempo para consumir tudo, quanto mais para escolher, filtrar, e separar o joio do trigo.
A questão que nos levanta o documentário é que a democratização, neste caso pode querer dizer banalização. Absolutamente banalizada está a ideia de que todos podemos ser artistas sem sair de casa. Para ver um espectáculo já não é preciso procurar o bilhete, ficar na fila, pagar, sair de casa no dia do espectáculo (e lidar com tudo o que isso implica), ir até à sala, desligar o telemóvel, ficar incontactável e ver. Podemos ligar-nos ao youtube e ver, sem pagar e sem sair da cadeira – é de facto tão simples como isto.
As implicações económicas são enormes, claro, a sobrevivência dos profissionais dos espectáculos performativos está em causa, sim, mas estou certa que este debate, esta agitação, esta transformação, vai encontrar novos modelos de sobrevivência. Se calhar não os que nos agradam mais ou com a rapidez que nos convém, mas essas novas formas já estão a aparecer e vão certamente evoluir rapidamente para caminhos que ultrapassam a nossa capacidade de previsibilidade.
A questão que me parece mais interessante é ver como tudo isto afecta de facto a criação artística. Quando se pode aprender quase tudo em casa, em frente a um computador, desenvolvem-se capacidades técnicas a uma velocidade alucinante. Diz-se que um jovem, até chegar à Universidade passa hoje em dia uma média de 20mil horas na internet e outras 10mil a jogar vídeo-jogos. 30 mil horas gastas de uma forma fácil, sem esforço, na companhia da tecnoligia. Disso se fala também neste comentário: quando um jovem de 17 anos chega hoje a uma escola de cinema provavelmente terá mais a ensinar ao seu professor que o inverso – a nível técnico, bem visto! Porque no fundo, embora esteja conectado 24horas por dia com o “mundo”, provavelmente esse jovem sempre trabalhou sozinho ou com o vizinho do lado e não faz a mínima ideia do que é trabalhar com uma equipa, fazer concessões, ouvir os outros, construir projectos viáveis e sobreviver artística e financeiramente numa sociedade cheia de pessoas como ele. O ensino artístico hoje será então o ensino social no sentido em que o que se ensina de facto é a comunicar! Na era da banalização da tecnologia temos de ensinar as pessoas a comunicar umas com as outras, cara a cara, sem monitores ou cabos pelo caminho, dando um novo sentido à própria definição institucionalizada de ensino.
Apesar de todos os avanços, embora a indústria cultural possa sobreviver e desenvolver-se (e tem-no feito) dentro do seu próprio mundo, quando falamos de espectáculos ao vivo, as coisas mudam. Pode ser que essa força do espectáculo ao vivo seja a porta para outras soluções, parece ser o último “reduto”, o que ainda não foi tão drasticamente arrasado pelo novo mercado tecnológico, do qual tem obtido mais proveito que prejuízo. Mas também aqui voltamos ao mesmo, o espectáculo ao vivo continua a “funcionar” porque é uma experiência sensorial partilhada ou como diria a senhora entrevistada no filme “you go out of your mind… you connect!”.



Links interessantes aqui mencionionados:
Ólafur Arnalds (para os que fãs: estará dia 12 de Março no Apolo em Barcelona)

Obrigada Luciana Batista por me ter passado o link deste vídeo

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

people are getting an experience out of it...

and that's all that really matters!

curiosamente se substituirmos as palavras "livro" e "romance/novela" por espectáculo, música, teatro, etc. continua a fazer sentido!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

o museu no deserto



Quando na europa se multiplicam as notícias de encerramentos de museus e se fala do nefasto "efeito Guggenheim", por outros pontos do planeta (uns mais longe que outros) novos Guggenheims se levantam (ou Louvres, ou Pompidous). Chega-nos a estranha notícia de que em Ordos, uma cidade no deserto da Mongólia, inaugurou um museu - edifício hiper-moderno do conceituado atelier chinês MAD. Repito: um museu no deserto. Segundo consta faz parte de mais um esforço do governo local para popular a região (até à data praticamente deserta), mas a este museu inúmeras infrastruturas se juntam, neste esforço que prevê teatro, centros culturais e outros espaços para a cultura. É impossível não perguntar: para quem?

Não é novidade que tal como um centro comercial facilita financeiramente certas lojas para atrair mais clientes, assim o fazem os governos com a cultura (isto generalizando, claro - fazem-no certos governos com certos "tipos" de cultura e os resultados estão longe de ser coerentes). No entanto, não deixa de ser irónico que cada vez haja menos cultura onde há gente e que agora comece a haver "cultura" (ou espaços de cultura) onde quase não há ninguém! Investimos milhões para levar a cultura a sítios remotos com a intenção de atrair pessoas mas parece não haver soluções para manter as pessoas e a cultura ao mesmo tempo, no mesmo sítio! 

Será um problema económico? Isto da crise deixou toda a gente baralhada, já se sabe! Os princípios de ontem pouco servem hoje, a conjuntura mudou, o pão para a boca é mais importante, etc etc etc, mas pergunto-me que conteúdos terão estes espaços? E se de facto o Louvre tem tantas obras que pode levar algumas para o meio do deserto ou os grandes nomes da Land Art podem finalmente ter o apoio necessário para obras de proporções épicas, a questão, estranhamente, mantém-se - quem vai ver os quadros que abandonam finalmente os armazéns escuros, quem visitará os "jardins" arquitectónicos que hão-de ser construídos?

Como numa das cidades invisíveis de Calvino, entramos numa belíssima esfera super-romântica. É certo que a imagem da cidade fantasma altamente equipada para uma cultura morta pela falta de audiência daria certamente um best-seller com direito a filme, série de tv e merchandising se acrescentássemos fantasmas, e.t.s ou zombies, mas quando transpostada para a realidade, parece-me tão surpreendente quanto triste.

As "marcas" da cultura que se transfomaram em estatuto social, em "loja a visitar", em "must see" podem, para além dos seus objectivos comerciais, ter um conteúdo cultural relevante, ser ponto de encontro, proporcionador de reflexão, elemento transformador e mais um sem fim de coisas boas. Mas sem nós, as pessoas, com quem, para quem e para quê?

Vi um documentário há alguns anos (infelizmente não me recordo do nome...) em que se defendia que hoje, graças à fotografia digital, viajar deixou de ser relevante caso não haja imagens que o comprovem. Há poucos anos, as pessoas viajavam e contavam a sua experiência, falavam de sítios, pessoas, odores, etc. Hoje descarregam tudo para o facebook e acrescentam ;) e clicam "like".

Será que é para aí que caminham os museus? Para a mera experiência digital onde praticamente ninguém participa fisicamente? Onde sabemos que a obra existe porque diz no site que sim, onde sabemos que tal artista criou porque vemos a foto que o comprova, onde validamos esse valor cultural comprando na loja on-line do museu no deserto...

Eu visítei este museu no deserto on-line e não tenho vontade de voltar.



domingo, 12 de fevereiro de 2012

processo


Para começar a pensar sobre cultura e sobre criação - este é dos meus vídeos favoritos de sempre. Um excerto de uma aula de Bill T. Jones sobre o seu método de composição. É uma lição brutal, não só para bailarinos. A frase "don't be afraid to die now" aqui, verbaliza para mim o acto criativo, o ultrapassar os nossos limites, arriscar e construir no vazio. As diferentes fases de que fala Bill T. Jones, o nível de envolvimento e entrega, podem ser facilmente transpostos para o dia-a-dia e a nossa maneira de estar na vida. A grande diferença é que raramente temos 4 ou 5 oportunidades de repetir a mesma acção, de a repensar, reviver, desconstruir. A gestão da cultura, também deve ser um processo criativo: o melhor será planear, projectar, experimentar, ensaiar... enfim, criar!