quinta-feira, 22 de março de 2012

Aprender com quem nos olha


As indústrias criativas são um tema quase interminável e hoje em dia muito debatido.  Não há um negócio cultutral (ou não deveria haver) que não o contemple mas as indústrias não-culturais que já estão estabelecidas, instaladas e a funcionar, como introduzem esta nova forma de pensar no seu processo de trabalho? Ou melhor dizendo, no seu negócio. Infelizmente, apesar de estar mais que sabido que esta coisa da sociedade é como um gigante jogo de bilhar, onde as tabelas se multiplicam em comportamentos consequentes (é disse que nos fala o Sr. van Wienden neste video da Fundação Serralves), ainda há esta associação poética entre as indústrias criativas e o entretenimento, ponto final. Continua a ser a qualidade humana menos explorada, menos estudada, menos aplicada, menos aproveitada. Quantos criativos temos nas caixas de supermercados e call centers por esse mundo fora? É certo que a criatividade por si só muitas vezes não é funcional, precisa de apoio, planificação, estrutura... Mas mesmo assim, parece-me que o factor risco que acarreta é o que continua a fazer com que não entre no "jogo" empresarial. Quando entra - ganhamos todos e os casos de sucesso empresarial em Portugal estão na sua maioria ligados a esse factor: criatividade e inovação.



Equipas criativas, técnicos criativos, novas formas de gerir, novas formas de estar...Gostava de traduzir essa ideia também para os público e não apenas para os espectáculos. Como é que "fazem" publicos criativos? Como é que podemos aprender com a criatividade de quem nos olha?

segunda-feira, 12 de março de 2012

30 dias

obrigada pelos vossos clics!!
moltes gràcies
gracias
merci
thank you
tak
謝謝
mulţumesc
спасибо

sexta-feira, 9 de março de 2012

O que pensa Ray Bradbury do futuro?

A web 3.0 está ai, ao virar da esquina, a implementar até ao final do ano, dizem... Na prática, para leigos como eu, a web 3.0 é mais ao menos a junção de Blade Runner com Minority Report e mais alguns clássicos da Ficção Ciêntifica (um termo absolutamente obsoleto!), mas em tempo real e aqui mesmo. Este novo up-grade vai trazer a internet do bi-lateral para o particular, 100% móvel e praticamente independente de qualquer suporte fisíco. Para além do mais tem este extra: a realidade aumentada. Ou seja, uma imagem real pode ser visualisada em formato aumentado com o dispositivo apropriado, e isto quer dizer mais informação, imagens, comunicação, entretenimento, ensino... O potencial para a cultura? Todo!
Alguns exemplos do que já se está a fazer (em alguns casos há mais de 3 anos...):




J


Em 1953, Rray Bradbury no maravilhoso "Fahrenheit 451", romanceia sobre uma sociedade onde os livros são proíbidos, os bombeiros servem para incendiar em vez de apagar fogos e as paredes das casas são ecrãs de televisão interactiva... o Sr. Bradbury, nos anos 80 colaborou com a Disney para a concepção dos cenários espaciais dos seus parques de diversões, hoje tem 91 anos e eu adorava saber como vê ele o futuro.

(AP Photo/Doug Pizac) @forbes.com

terça-feira, 6 de março de 2012

Poetas procuram poetas

Quem lê a cultura em números diz que o maior valor não-contabilizado é a prestação artística, a capacidade que os criadores têm de investir nos seus projectos sem que daí obtenham remunerações financeiras justas (ou só remunerações).  Há quem o veja sempre como um investimento, há quem acredite que a felicidade de falar e ser ouvido vale muito a pena, e há também quem salte de projecto em projecto sem nunca conseguir deixar o estatuto de "voluntário" para trás. Mas cada vez mais, são os "voluntários" que preenchem o panorâma cultural, cada vez mais os criadores estão a encontrar novos caminhos para falar e ser ouvidos - por gosto ou por necessidade, é irrelevante, o resultado é que os formatos vão aparecendo e muitos são mesmo bons! A semana passada tive a enorme sorte de conhecer um destes projectos: a revista digital de literatura Preferiría no hacerlo. Não têm uma história misteriosa e revolucionária mas ainda assim... um grupo de alunos da UAB juntou-se e fez uma revista digital, tão simples e tão complexo quanto isto. Ou nas palavras dos próprios (que o dizem poeticamente):

Preferiría no hacerlo es una revista que pretende hacer -y en la paradoja se recrea- de la literatura un divertimento. De ella venimos y hacia ella andamos, construimos un mundo al cual ir, lo construimos poco a poco, partiendo de las palabras y de la apertura de horizontes que la posmodernidad nos dio.
Somos la aporía del mundo, el espíritu crítico que encuentra en la literatura su sitio más querido, el lugar privilegiado en el que se transforma –se genera- la realidad. Partimos de la negación del escribiente Bartelby para reaccionar contra el mundo lógico y nos dejamos embarcar en el rio de la resignificación del nuestro. Venimos de la frontera, de la orilla, de lo extraterritorial, para decir nada y todo, para decirnos que somos el mentiroso de Creta y sólo decimos la verdad.

Está disponivel on-line, vai no seu nono número, é gratuita e procura colaborações, de maneira que: poetas da minha terra - chegou a vossa hora! Desafiando a nossa (que não é só nossa) tendência para a lamentação e a acomodação, este projecto está receptivo a receber trabalhos de outros poetas (literários, gráficos e outros géneros, imagino!). Se este espaço fosse um jornal e esta secção a dos anúncios, poderiamos ler qualquer coisa como: poetas procuram poetas, mas como ceci n'est pas un blog e a revista é digital, fica antes um video:


Para reforçar a afiliação às letras, a seguir conto a história que prova que as palavras, às vezes são o suficiente para unir as pessoas. Do outro lado do oceano, um outro poeta, Carlos Skliar, resolveu certo dia fazer um programa de rádio sobre literatura e resolveu chamar-lhe... Preferiría no hacerlo. Num romance, seriam irmãos tragicamente separados que crescem ignorando a existência do outro, mas a internet deu cabo da parte literária da coisa e descobriram-se digitalmente. Tal como depois da tempestade vem a bonança, depois do espanto veio a colaboração, e os dois PNH estão agora de certo modo unidos, pelo menos pelas palavras títulares.


Que bom!

A imagem inicial é a capa da nº 9 de Preferiría no hacerlo, ilustração (maravilhosa) de Gianpaolo Rende.

Boas leituras!